(Ôooooo, ôooooo, ôô)
(Ôooooo, ôooooo, ôô)
Quando avistei a terra jurei sem choradeira
Ajoelhei nas pedras e me deitei na areia
Agradeci a Deusa Mãe por me deixar partir
Mãe África
Subi ladeira, andei, cheguei no pelourinho
Olhar acolhedor
Pensei, 'é o meu caminho'
Festa pra receber quem conseguiu não desistir
Pela África
Vim nas águas dentre as mais bravas e claras
Cruzei com você as linhas do mar
Fronteiras, barreiras, bandeiras
Maneiras de sobreviver
Inventar, uôôô
A sede me cega, eu quero enxergar
O frio danado nas noites de lua
A chuva me dá de beber
O sol seca e vem pra queimar
Delírio é esperança pra quem quer chegar
Quando avistei a terra jurei sem choradeira
Ajoelhei nas pedras e me deitei na areia
Agradeci a Deusa Mãe por me deixar partir
Mãe África
Subi ladeira, andei, cheguei no pelourinho
Olhar acolhedor
Pensei, 'é o meu caminho'
Festa pra receber quem conseguiu não desistir
Pela África
Nas águas vi temporal, ventania
Na falta da nuvem, sombra sumia
A dor teima em prevalecer
Crianças, vejo padecer a gritar, uôôô
Maus dias parecem nunca ter fim
A mente dispensa a descrença por mim
Os deuses, os meus Orixás
Dão força pra quem não quer mais desistir
(S'imbora)
Quando avistei a terra jurei sem choradeira
Ajoelhei nas pedras e me deitei na areia
Agradeci a Deusa Mãe por me deixar partir (vai)
Mãe África
Subi ladeira, andei, cheguei no pelourinho
Olhar acolhedor
Pensei, 'é o meu caminho'
Festa pra receber quem conseguiu não desistir
Pela África (é o papo, Ramonzin)
Isso é muito mais além do que pensamos
Meu pé descalço vibra no valombo
Abaixo de mim, vários meus
Acima de nós, somente Deus
E somente eu sei meu caminho
E bota fé, não ando sozinho
Nossa voz quebra' as corrente'
Confia nela, ela é potente
Sou parte de uma linda história viva
Censurada e cheia de dor
E essa gente que me subestima
Bate de frente, vai ter caô
Caô, caô
Lálaiá
(Lálaiá-láia-laiá-laialáialá) fala Da Costa
Meu irmão (lálaiá-láia-laiá-laialáialá)
Deixe que te acorrentem teu corpo, mas jamais a tua mente (lálaiá-láia-laiá-laialáialá)
Deixe que mintam sobre as suas origens (lálaiá-láia-laiá-laialáialá)
Entenda as mecânicas desses infelizes, deixe (lálaiá, Mãe África)
Que despedacem teu tronco (lálaiá-láia-laiá-laialáialá)
Mas jamais, repito, jamais (lálaiá-láia-laiá-laialáialá)
Deixe de se ter foco nas suas raízes (lálaiá-láia-laiá-laialáialá)
Entenda antes de tudo, que ela é profunda (lálaiá-láia-laiá-laialáialá)
Mas não é inalcançável (lálaiá-láia-laiá-laialáialá)
Eu jamais vou saber da história do meu tataravô escravizado (laialaialaiá)
Mas tenho em mente que tenho (mãe África)
Cada pedaço das minhas raízes aqui do meu lado (Ôooooo, ôooooo, ôô)
Eu sinto e aposto que tu sente (Ôooooo, ôooooo, ôô)
Quando ferem a gente, quando prendem a gente (Ôooooo, ôooooo, ôô)
Ou quando matam a gente (Ôooooo, ôooooo, ôô)
Agora deixa eu te perguntar (Ôooooo, ôooooo, ôô)
Tu sente quando tiram da gente o direito de se entender, de se tocar (Ôooooo, ôooooo, ôô)
Relutamos numa terra que não pertence à gente (Ôooooo, ôooooo, ôô)
No meio de leis que nem sequer servem a gente (Ôooooo, ôooooo, ôô)
Mas temos corpos e corações (Ôooooo, ôooooo, ôô)
Que apesar de dilacerados (Ôooooo, ôooooo, ôô)
Ainda se conectam entre a gente (Ôooooo, ôooooo, ôô)